quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A NOSSA PRIMEIRA IGREJA E NOSSOS PÁROCOS


DE CAPELA A MATRIZ 

Quem chegava à nossa terra não mais regressava. Foram-se agrupando à volta da casa de José Carlos da Motta (descobridor e fundador de Mundo Novo) à maneira bem interiorana: casinhas geminadas, por economia e segurança.
Ali foi-se formando o "largo" que seria futuramente a praça do comércio e depois Senador Cohim. cuidaram de, com recursos próprios, erigir a sua primeira capela. Edificaram-na no extremo da pracinha, como era de costume. Atualmente ela estaria exatamente onde fica o "coreto", no centro do jardim. Ao lado da igrejinha de "barro batido", iniciaram o sepultamento de seus mortos. Era o primeiro cemitério da comunidade.
A pracinha começou a crescer. Circulou a pequena capela. Principiou a se estender ora ladeira acima pelas encostas, onde surgiria a futura rua da Igreja, ora ladeira abaixo, pela acidentada topografia, principiando timidamente a formar as atuais ruas do Recreio, Muritiba, do Curral e da Lyra. estava delineado o traçado da futura cidade.
Passaram-se vinte e quatro anos. As terras já não pertenciam mais a José Carlos da Motta. Já uma comunidade expressiva necessitava da efetiva tutela da Província. E essa tutela veio através da Igreja Católica, na época e religião oficial da nação brasileira. No dia 31 de Dezembro de 1857 era sancionada a Lei nº 669, que decretava:
"Art. 1. Fica elevada à matriz a capela de Nossa Senhora da Conceição do Mundo Novo, com a denominação de Freguesia de Nossa senhora da Conceição do Mundo Novo".
"Art. 2. Os seus limites são os seguintes: principiarão no Riacho do Ouro, onde conflue com o rio Jacuipe, e d'ahi, em linha para o Sul, à fazenda do Tabuleiro, e desta até os limites da Freguesia do Rozario de Orobó, d'onde seguirá ao Caldeirão da Onça, lugar em que divide a Villa dos Lençóis, cujos limites seguirá até a Lagoa Grande, e desta em linha recta ao Norte. fazenda do Porto, beira do rio Jacuipe donde tirará uma linha até encontrar outra vez o Riacho do Ouro, no mesmo lugar em que conflue o rio Jacuipe".
Estava formado, assim, o futuro município de Mundo Novo. Suas terras, agora, já tinham uma forma geométrica dentro da Província.
Elevado a Matriz da Freguesia, Mundo Novo já tinha o seu primeiro vigário, o Pe. Antônio de Cerqueira Daltro Pinto, nomeado pela Carta Pastoral do Arcebispo D. Romualdo Antônio Seixas.


CONSTRUÇÃO DA PRIMEIRA IGREJA


A primeira igreja de Mundo Novo foi erigida na praça Senador Cohim, mais ou menos no local onde hoje se encontra o coreto.
A colocação se sua pedra fundamental deu-se no dia 22 de Setembro de 1844.
Foi inaugurada no dia 20 de Abril de 1847, quando teve lugar a sua primeira cerimônia religiosa, com o batizado do infante Antonio José de Assumção, co-fundador da cidade.
O Pe. Daltro iniciou a construção de uma nova igreja, no local da atual, mas os trabalhos foram interrompidos em 1889 devido a uma grande seca que flagelou todo o nosso nordeste. Posteriormente a igreja foi concluída e passou por grande reforma em 1910.
Essa igreja também foi demolida e em seu lugar foi construído o atual imóvel, cuja pedra fundamental foi assentada no dia 7 de Outubro de 1951.
Igreja que substituiu a capela de taipa.Em 1901 foi reformada, logo após foi demolida e foi construído o atual imóvel.

Atual igreja de Mundo Novo. Cuja pedra fundamental foi assentada em 7 de Outubro de 1951, com a denominação de Nossa Senhora da Conceição de Mundo Novo.


NOSSOS PÁROCOS

Desde que foi elevada à matriz, a freguesia de Mundo Novo teve os seguintes vigários:

1º - Antonio Daltro de Cerqueira Pinto (14.07.1858 a 20.06.1896)
A nova Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Mundo Novo foi prestigiada com a nomeação de um grande pároco, Antonio Daltro de Cerqueira Pinto, que, não obstante, se tornara um político atisvista.
Era um homem extraordináriamente culto, amante das letras e de extremo bom gosto. Àquela época, quando visitar a Capital da Província era um sonha quase irrealizável, já o Pe. daltro fazia viagens regulares ao Rio de Janeiro, onde procurava atualizar os seus conhecimentos.
Aliás um fato ocorrido na Freguesia, demonstra bem a sua veia política e poética: um adversário político seu, indivíduo de poucas letras, trouxe o filho para batizar. a criança iria chamar-se HORÁCIO.
O Pe. Daltro não assimilou a idéia. fez uma preleção muito bonita explicando quem foi HORÁCIO, o Pai da Literatura. Explanou sobre as insuperáveis regras de Horácio para falar e fazer versos. Como podia um tabaréu, um homem ignorante e rústico, prestigiar o filho com o nome do grande sábio? O Pe. daltro não se conformava em levar o nome de Horácio a tanto desprestígio!
Mas, o "tabareu" deu a testa. O problema era político. Ele era um adversário do padre que por isso recusava em batisar-lhe o filho.
Diversos políticos tentaram demover o padre de sua obstinação. O pároco estava irredutível. A todos respondia sempre "não, não e não"!".
Mas, com a política ninguém pode. A pressão cresceu e o padre resolveu ceder, com uma condição: o menino teria o nome composto, ou José ou Antonio HORÁCIO.
E assim resolveu o impasse e a criança foi finalmente batizada.



2º - Antonio Carmello (1896 a 1897)


3º - Pedro José Antunes (1897 a 1902)


4º - Custódio Archangelo de Vasconcelos (1903)


5º - Joaquim Batista de Magalhães (1904 a 1908)


6º - José Dias d'Alffonseca (1908 a 1947)
O Pe. Jo´se Dias chegou para ficar. Daria um basta à sucessão de párocos que cheavam e saim continuamente de Mundo Novo.
Apaziguou oa ânimos e soube impor a sua autoridade de pastor de um só povo. Era um turrão, é bem verdade.
Conquistada a confiança dois paroquianos, encetou o Pe. "Zé Dias" uma campanha para reforma da matriz de barro batido, construida ainda na administração do Pe. Daltro.
Construiu a frente da Igreja, uma bela escadaria e reformou totalmente sua fachada que era, até então, de duas quedas. O velho pároco sempre se queixava de ter gasto 500 mil réis naquela reforma!
Naquela época, era também construida, no alto do morro poente, uma pequena Capela, que passaria a chamar-se "Santa Cruz" e o morro onde foi edificado, Morro da Santa Cruz.

A inauguração da nova capela deu-se no dia 3 de maio de 1910, data em que foi celebrada missa solena às sete e meia da manhã, com muita música, muito "foguetório" e uma multidão de devotos.
O Morro da Santa Cruz tornou-se símbolo da cidade.



7º - Nicanor de Oliveira Cunha (1947 a 2000)
O nosso Padre Nicanor viveu 85 anos, dos quais 60 dedicados exclusivamente à Igreja Católica, respeitando, no entanto, todos os credos e ideologias o que o credenciou a praticar, discretamente, a política à maneira conciliadora. O pároco era altruísta, carinhoso, não guardava mágoas, e até na doença manteve-se bem humorado. Um homem com pureza de criança, por isso as amava. Uma criança que era feliz com pequenas coisas como comer doce de figo. Monsenhor Nicanor de Oliveira Cunha nasceu em Gavião, atual Riachão do Jacuipe, em 26 de abril de 1915. Entre os colegas, conviveu com o Monsenhor Gaspar Sadock desde que começaram os estudos de Filosofia e Teologia, no seminário, a partir de fevereiro de 1929. Começa sua carreira religiosa em Coração de Maria após a ordenação sacerdotal em dezembro de 1940. Daí segue para Mundo Novo onde assumiu, em 1944, o cargo de vigário coadjutor depois passando a ecônomo; então em 1947 o Pe. Nicanor foi nomeado em definitivo para as Paróquias de Mundo Novo e Mairí. Adotou os mundo-novenses como seus irmãos e aí permaneceu até a volta à pátria espiritual.
Nesses 56 anos, o sacerdote acumulou admiradores de todas as classes e idades, colaboradores, colegas e amigos. Para a Irmã Celestina Perón, que trabalhou em Mundo Novo por quatro anos, ele continua presente como orientador, sempre com carinho de Pai. “Pessoa ponderada, de muita fé, oração e muito espírito de sacrifício. Sabia ser prudente em tudo, com as Irmãs e com o povo. Em tudo ele sabia dialogar. Sabia esperar!”, afirma com emoção.
Integrado à Diocese de Ruy Barbosa, nosso condutor de ovelhas também trabalhou inicialmente em Tapiramutá e Piritiba, visitava constantemente as comunidades dos distritos e fazendas. O vigário atuou em outras frentes, foi um dos fundadores do Ginásio, atuando como professor de Latim e Português. Conforme o professor João Gomes, o Dijinho, ele foi Diretor da instituição por 10 anos (1955/1965), vice-diretor (1970/1981) e membro do Conselho Administrativo da Sociedade Civil Ginásio Mundo Novo até a estadualização. No campo administrativo, o dono do sítio Irmã Verônica (Umbuzeiro) também dirigiu a Cooperativa Agropecuária da Região Central da Bahia, com sede na cidade.
O Pe.Nicanor tinha sensível veia política, admirava grandes nomes nacionais como Eduardo e Marta Suplicy, Mário Covas e Ulisses Guimarães. De acordo com Djane Praxedes, sua carinhosa cuidadora durante a fase enferma, o monsenhor era aberto às mudanças, apoiava o trabalho das Pastorais da Criança, da Saúde, dos Jovens, Batismo, Família e Carcerária; acatava porém, com moderação, o grito dos excluídos. “Ele encabeçou projetos sociais implantados pela Diocese, apresentando-os à Câmara Municipal, a exemplo da construção de cisternas, projeto integrante da ASA (Articulação do Semi-árido) ligado também ao Programa Fome Zero”, relembra.
Djane acrescenta que o pároco respeitava a autoridade, seguia os preceitos da Igreja Católica, porém não gostava de posições radicais. De tipo conciliador, ele apreciava a política, praticando-a discretamente. Visitava os prefeitos eleitos de qualquer partido político e apresentava-se sempre às autoridades municipais e estaduais que chegavam à cidade.
Por influência do “velhinho alegre” Maricélia Magalhães Fentanes, tornou-se a primeira religiosa nascida em Mundo Novo. A Irmã Elizabeth foi encaminhada por ele para estudar música em Feira de Santana, daí tornou-se freira. A Irmã confirma que o padre deu a vida pela Igreja e não tinha inimigos. Como fazia a desobriga nas duas paróquias “ele ficava até um mês fora visitando enfermos, praticando casamentos, confissões, missas e batizados”, conta a filha de D.Mercês.
Cidadão mundo-novense, o Monsenhor Nicanor costumava ajudar as famílias carentes dos bairros e roças com cestas básicas. Não gostava de mentiras nem fofocas, era risonho e brincalhão com os amigos mais chegados, a exemplo de Dr.Raimundo Costa, médico que o assistia na cidade. Para D.Zezé, ele era uma pessoa ética e educada, ela relembra que o povo também brincava com o padre, como na ocorrência da trombada do jipe, cantando “Pe.Nicanor, Pe.Nicanor, foi pisar no freio e pisou no acelerador”. Dessa parte ele não gostava.
O padre era hipertenso, sofreu uma cirurgia de próstata e enfrentou com muita coragem um câncer no intestino. Na fase de tratamento, recebeu assistência incondicional de Djane de quem se tornou afetivamente dependente; conforme a noviça, mesmo doente “ele nunca foi agressivo, sempre paciente sem nunca se queixar de dor; rezava a missa diariamente em casa”.
Em seu texto lido na missa dos 60 anos de sacerdócio, em 03 de dezembro de 2000, pouco antes de morrer, nosso condutor espiritual disse: “rendo graças a Deus porque encontrei em Mundo Novo, na sede e nas comunidades, um povo bom, amigo e acolhedor”, agradeceu as orações e zelo à terra que adotou, a família, médicos, enfermeiros e a Djane “que cuida tão bem de mim com carinho e paciência de filha”.
Aconteceu, segundo ela, o que ele não queria, morrer fora de Mundo Novo. Faleceu em 28 de dezembro de 2000 em Salvador. Permaneça tranqüilo padre, o senhor continua vivo entre nós, as suas ovelhas mundo-novenses.

OBS.: Um fato curioso que merece registro é que em 92 anos de paróquia (1908/2000) tivemos apenas dois párocos.


8º -  Irineu Castelo Neto (2000 a 2002) 



9º -  Frans Verhelle (atual)
A 12 anos na BAHIA, o pastor da PODES (como gosta de ser chamado), é holandês e licenciado em pedagogia, é previsto sua permanencia na paróquia de Mundo Novo só até 2012 (por motivos de saúde). 
"A situação das pessoas com deficiência em nossa região é sub humana", este foi o motivo que fez o padre começar esse projeto "PODES".
O PODES faz agora 11 anos. PODES a palavra inicial da Pastoral Dos Portadores Direitos Especiais - um projeto que visa a inclusão social das pessoas com deficiência. No Brasil, as pessoas com deficiência "portadores da deficiência", traduzido literalmente como "portadores de um defeito". "... Preferimos falar de pessoas com direitos especiais "portadores do Direitos Especiais". Estes direitos foram já estabelecidos por lei deve ser respeitado e realizado. Nós não queremos uma abordagem paternalista ou extremistas cialis assistências. Nós queremos trabalhar com pessoas com deficiência lutam por seus direitos", palavras do padre.
Atualmente estão ativos em três cidades: Mundo Novo e Tapiramutá Pintadas. Já criou dois centros de serviços (Mundo Novo e Tapiramutá) que os serviços sociais, educacionais e psicológicos prestados. A construção do centro de serviços no terceiro Pintadas foi iniciado em 9 de junho com a terraplenagem.
Serviços sociais consiste principalmente de assistência na obtenção de deficiência, Ortes e próteses, completando documentos para obter o exame médico, & c. wergelegenheid. Muitas pessoas são analfabetas e conhecer seus direitos.
A assistência educacional está na oferta de educação especial e inclusiva. Atualmente, tem 55 crianças: auditiva, física e pessoas com deficiência intelectueel, crianças, adolescentes e adultos. Dois professores de intérpretes surdos são PODES um feed diploma oficial do Ministério da Educação.
A assistência psicológica está no aconselhamento para pessoas com deficiência e suas famílias.
O projeto é "comunidade centrada", destinado a formar uma comunidade entre pessoas com e sem deficiência. A nossa casa é uma casa aberta onde os vizinhos e amigos são bem-vindos para casa com um baixo limiar para todos.
Também é feito o uso máximo dos serviços disponíveis nos locais. De interesse particular, são usados os serviços gratuitos prestados pelo SUS - saúde pública - e o SUAS - serviços públicos de assistência social.
O Projeto pedi a cooperação explícita dos  municípios locais, por meio de convênios - acordos. Os professores são pagos pelo município. Regularmente participam das reuniões do conselho, onde explicam os problemas e projetos.
Dado importante:
Aproximadamente 15% das crianças em nossa região tem alguma deficiência. O número total de pessoas com deficiência no Brasil, de acordo com o último Censo do IBGE de 2002, é de 24 e meio milhões.
O projeto é apoiado pela província de Flandres Ocidental, Savio Dominiek Gits, The Kortrijk Coulter, Poperinge Vibso, as freguesias de St. James Gits e São João Ostend, DISOP, Federal Missão Moere e muitos amigos e organizações que trabalhamos afetos, para o qual a nossa sincera gratidão !


LIMA, Dante de.
         MUNDO NOVO, Nossa Terra, Nossa Gente. Documentário, edição especial. Contemp, da autoria de Dante Lima, Salvador, Contemp Editora Ltda, Salvador-BA, 1988.


MUNDO NOVO - Aspectos Históricos, Geográficos, Sociais e Econômicos. Dante Lima
 




 








3 comentários:

  1. Lembro bem do Pdre Nicanor, e das missas no domingo pela manha so para as crianças, lembro também que ja toquei mto o sino da igreja com Luzinete...saudade dessa época.
    Ana Paula

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  2. Padre Nicanor... que bom lembrar de uma pessoa tão generosa, humana e querida por todos nós mundovenses. Deu saudade.

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  3. Minha Cidade natal preciso voltar nessa igreja sinto uma necessidade de ir em mundo novo 45 anos que sair não voltei

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